sexta-feira, 16 de março de 2012


ACADÊMICA: ALESSANDRA RODRIGUES PEIXOTO

TURMA: A  CURSO: PÓS EM EDUCAÇÃO INFANTIL E SUAS LINGUAGENS
 O livro Educação Infantil e Registro de Práticas autoria de Amanda Cristina Teagno Lopes, (São Paulo: Ed. Cortez, 2009) está dividido em quatro capítulos: sobre o registro, registro e memória, memória do registro, o registro de práticas pedagógicas produzidos pelos professores além das  considerações finais da autora. Amanda Cristina procura expor em sua obra a importância do registro como mecanismo formativo de reflexão da prática docente.  Ela ressalta que o professor se torna o produtor de saberes e experiências, e a sua busca deve ser a de, sempre que possível, transformar a prática docente para melhoria da qualidade de ensino. A autora do livro levanta a necessidade  da observação, experimentação e pesquisa como pilares para formação, autoria e legitimação dos saberes produzidos na prática pedagógica.                 
A autora ainda procura definir o significado do registro bem como a sua importância. Para isso ela traça um diálogo com diversos pesquisadores, com o objetivo de compreensão da temática apresentada. O diário docente, utilizado por parte dos professores, é destacado como um importante instrumento de registro de forma que, por meio deste, o profissional medita sobre a própria ação. O mesmo entendimento sobre o registro tem Zabalza, que aponta: “... no diário o professor expõe, explica e interpreta a sua ação cotidiana na aula e fora dela” (1994 p.91  apud Lopes 2009 p.29). Tendo como base o diálogo entre Amanda e Zabalza, é observado que o registro assume o papel essencial para a prática docente de modo que oportuniza a análise, observação, reflexão, além de criar a possibilidade de formação em serviço. Ainda sobre esta possibilidade, existe dentro da obra Amanda Cristina, a tese de Warschauer: “A escrita, como oportunidade formativa, possibilita a construção da autoria, a teorização das práticas, a construção de histórias e de identidade” (2001 apud LOPES 2009 P. 32). O registro é ponto inicial para a reconstrução de uma nova prática devido à oportunidade de um olhar mais atento, questionador e crítico sobre sua ação. Segundo o diálogo entre a autora e Madalena Freire, a partir deste olhar, é possível permitir aprimorar a leitura da realidade e, ainda, intervir sobre a mesma.
O registrar de sua reflexão cotidiana significa abrir-se para seu processo de aprendizagem, significa perguntar, questionar-se, inquietar-se perante o observado, o que leva à busca, à transformação, à ampliação do pensar. (1996 p.6 apud LOPES 2009 P.33)
                  Amanda Cristina ainda levanta outra questão: a importância da leitura para ampliação de um novo olhar da realidade. Segundo ela, aquele que se utiliza da leitura alça ‘vôos altos’ e consegue construir e reconstruir seu conhecimento. “Leitura e escrita como ações ligadas ao ato de conhecer[...]”. Desta forma, a autora reconhece que o registro é uma ferramenta indispensável para legitimação dos saberes produzidos na prática pedagógica.
O fato é que, apesar da maioria dos professores ter a consciência de que o ato de registrar têm seu valor, atualmente isto deixou de ser prática reflexiva para se tornar uma ação burocrática. Apenas se busca, com o registro, apresentação de dados quantitativos do desempenho escolar.
Um exemplo deste desleixo é o desenho, que por vezes não é visto como um registro significante. Nas escolas o considerado relevante são os registros da escrita principalmente nas salas da pré-escola. Este registro da escrita é visto como uma preparação para série posterior, isolando as linguagens musicais, artes e movimento. Nesta perspectiva a autora  procura em seu texto chamar a atenção dos educadores para importância  deste tipo de registro pois através deles podemos perceber estilos, pensamento, sinais de sua história, memórias e a própria identidade tornando-se autores de seu próprio conhecimento.   

O desenho representa muito mais que um exercício agradável no período infantil. É o meio pelo qual a criança desenvolve relações e concretiza alguns dos pensamentos vagos que podem ser importantes para ela. Desenhar torna-se  uma experiência de aprendizagem.
(LOWENFELD E BRITTAIN, 1970, p.159 apud Lopes 2009 p.56)

            Por um lado, tendo a consciência da importância e necessidade do registro, há de se abrir uma pausa para a discussão: A falta de tempo dos docentes para a leitura e estudo de obras que embasem a sua prática. Somente preencher papéis sobre o rendimento dos alunos e ainda o tempo dedicado a planejamento de aula torna difícil a troca e a aquisição de novas experiências. A educação ainda é contraditória, ela busca a qualidade, entretanto, a sua organização está mais para os dados quantitativos. 

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